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Santa Catarina é um bom negócio — se você for amigo do rei!

  • Foto do escritor: Túlio De Amorim Pfuetzenreiter
    Túlio De Amorim Pfuetzenreiter
  • 16 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 26 de jun.

Santa Catarina nunca esteve tão bem... ao menos para quem frequenta os corredores do poder. Enquanto o cidadão paga a conta, o governo de Jorginho Mello transforma o Estado em um balcão de negócios, onde a regra é simples: quem é amigo, leva. Quem não é, espera sentado.

Alguns ainda tentam argumentar que são fatos isolados, mas vamos destrinchar essa história para descobrir se é mesmo coincidência... ou se estamos diante de um modelo de governo baseado no favorecimento e no velho toma-lá-dá-cá.


Nenhum político foi ferido durante a edição dessa imagem
Nenhum político foi ferido durante a edição dessa imagem

Os fatos:

Como toda boa propaganda política, a gestão Jorginho Mello é vendida como eficiente, enxuta, moralista e transparente. Só que, nos bastidores, o que se vê é exatamente o oposto.

Parcerias bilionárias com dispensa de licitação, nepotismo, farsas em programas sociais e compra de prefeitos com recursos públicos são alguns dos escândalos que mais chamam atenção — e cada um deles fala muito mais sobre o governo do que qualquer slogan de campanha.


Dispensa de Licitação

É unanimidade no Brasil: se tem algo que acontece com muita agilidade na gestão pública é a dispensa de licitação.

Basta olhar o volume de contratos assinados sem concorrência pública — um atalho jurídico que deveria ser exceção, mas virou praticamente regra. Na gestão Jorginho Mello, que prometia ser diferente, definitivamente não é.

Nos bastidores do Centro Administrativo, a ideologia parece ser clara: pra quê perder tempo com concorrência, edital, transparência... quando se pode resolver tudo entre amigos?

Os casos que mais se destacam:


• R$ 956 milhões firmados com a empresa ARC, para segurança digital nas escolas, que começou a ventilar em maio de 2024 e virou contrato bilionário poucos meses depois.

• R$ 640 milhões com a empresa Integra Saúde — uma firma de telemedicina do Piauí, aberta poucos dias antes do negócio. Quando o esquema foi descoberto por jornalistas, o próprio governo precisou recuar e suspender o contrato para evitar o escândalo.

• Contrato de R$ 1,8 milhão com a empresa Oais Cloud, para gerenciamento de dados digitais. O Ministério Público abriu investigação em dezembro de 2024.


É trágico, pois todos estes contratos deveriam, sim, ser licitados. Mas, convenientemente, foram enquadrados como serviços de “natureza singular”, “missão crítica” ou “emergência”, abrindo a brecha perfeita no artigo 75 da nova Lei de Licitações (Lei 14.133/21) — agora atualizada por Jorginho para a Lei do “confia em mim”.

Quando a dispensa de licitação deixa de ser exceção e vira método, quem perde é o pagador de impostos. Perde na concorrência, perde na transparência e, claro, perde dinheiro.

Minha pergunta: quantos desses contratos seriam possíveis... se houvesse uma disputa pública, aberta e transparente?

Nota: A dispensa de licitação é uma exceção prevista na lei que permite que o governo contrate empresas ou serviços sem realizar um processo público de concorrência.
Ela só deve ser usada em situações muito específicas, como emergências, calamidades, serviços muito especializados ou quando o valor é muito baixo.


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O Governo de Pai e Filho

O nepotismo insiste em não sair de moda, e a gestão Jorginho Mello fez questão de nem tentar esconder.

Logo nos primeiros meses de mandato, o governador tentou emplacar seu filho, o advogado Filipe Mello, na liderança da Secretaria da Casa Civil — um dos postos mais poderosos e estratégicos do Estado.

A manobra foi tão escancarada que nem a Justiça conseguiu fingir que não viu. Uma liminar barrou a nomeação, apontando, obviamente, prática de nepotismo. Mas, como no Bostil tudo é possível quando se tem as conexões certas, bastou um nó jurídico aqui, um argumento bem criativo ali — e, em poucos dias, Filipe Mello teve o caminho liberado para assumir.

E não parou por aí. O que se viu desde então foi um festival de nomeações de parentes, amigos e aliados políticos, todos devidamente acomodados em cargos estratégicos e comissionados. Até o sogro de seu filho, João Carlos Ghisi, está na folha, atuando como consultor executivo na Casa Civil.

O governo que prometia ser “técnico, eficiente e transparente” virou, na prática, uma árvore genealógica remunerada pelo pagador de imposto.

Filipe Mello, no fim, não assumiu o cargo oficialmente e seguiu atuando... nos bastidores. Na ocasião, declarou:

“Conversando com o governador, mesmo sendo absolutamente legal, concluímos que devo continuar auxiliando o Governador da maneira que faço hoje. Sem cargo no Governo.”

Universidade Gratuita pra quem?

A grande vitrine social de Jorginho, o Universidade Gratuita, prometia acesso ao ensino superior para os mais carentes. Na prática, virou um programa bilionário de repasse de dinheiro público para universidades privadas.

O discurso era bonito: “dar oportunidade a quem não pode pagar”. A realidade? Terrível. O que se viu foram casos de alunos de famílias com alta renda sendo contemplados, enquanto estudantes realmente vulneráveis ficaram de fora.

E não parou por aí:


• As mensalidades dispararam após a implementação do programa. Cursos que custavam R$ 6 mil passaram para mais de R$ 10 mil — afinal, agora quem paga é o Estado.

• Universidades privadas enriqueceram, recebendo recursos garantidos, sem risco de inadimplência.

• Surgiram denúncias de fraudes nos cadastros socioeconômicos, com famílias omitindo informações para se enquadrar nas regras.

• E, claro, as primeiras investigações já estão abertas, apurando fraudes, tráfico de influência e favorecimento.


O governador segue defendendo o projeto, mas tenta se descolar da bomba, alegando que o problema foi causado por “meia dúzia” de fraudadores. Só que, segundo o Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE-SC), não foi bem assim: foram 18.383 bolsas com indícios de irregularidade, um rombo que pode chegar a R$ 324 milhões.


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O Estado virou cabide de votos

O escândalo mais recente envolve uma acusação feita por Vilso Sartori, prefeito de Joaçaba, que afirma que Jorginho Mello está usando dinheiro público como moeda de troca para atrair prefeitos ao PL.

Em entrevista, o prefeito foi claro:

“O governador está com vontade de ajudar o município de Joaçaba, mas, automaticamente, ele também pede para que a gente esteja junto dele. Eu, também como prefeito, não posso me negar que esses recursos venham se eu não estiver filiado a um partido.”

Ou seja: as obras só saem se o prefeito assumir o PL. Sartori revelou que a negociação gira

em torno de R$ 40 milhões para Joaçaba, dentro de um pacote de aproximadamente R$ 100 milhões reservado aos que aceitarem a proposta.

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